O Projeto Enfrentamento da Crise da Profissão de Jornalista (Enprojor) foi apresentado na quinta edição do tradicional “Festival Doces Palavras” (FDP), em Campos dos Goytacazes (RJ), a profissionais da imprensa local. O jornalista Marcello Riella Benites, um dos coordenadores do projeto, participou de uma mesa no evento, com os colegas Ocinei Trindade e Liliane Barreto, que foi a mediadora.
“Resiliência da imprensa regional e caminhos para enfrentar a (eterna) crise do jornalismo” foi o nome da mesa. Liliane, que é assessora de imprensa da prefeitura, introduziu o tema. Lembrou que pessoas comuns, não jornalistas, com um celular, podem hoje ser grandes divulgadores de notícias. “O problema é a qualidade dessa informação. Raramente elas verificam os vários lados de uma situação, como faria um jornalista”.
Já Marcello relacionou a crise com o atual quadro global, em que empresas big techs, como Facebook e Instagram, faturam fortunas com a conexão permanente das pessoas. “O poderosíssimo interesse econômico dessas plataformas praticamente ‘se casa’ com o objetivo de setores de extrema direita em propagar o medo por meio de fake news. O medo é extremamente eficaz para manter as pessoas conectadas”. Segundo ele, a desinformação extremista não só rouba o público consumidor de notícias, como ataca fortemente os jornalistas, que apontam os erros das fakes.
História
Ocinei Trindade, que atua no jornal Terceira Via, ressaltou a importância da crise para as mudanças positivas e lembrou a história da imprensa no Brasil, iniciada em 1808, com a chegada da família real portuguesa. Ele mencionou o assassinato de Líbero Badaró, que escrevia na imprensa contra Pedro I, até hoje suspeito de ter sido mandante do crime. “Sempre vivemos sob o fantasma da censura e dos ataques, tanto no Império, quanto no Estado Novo e na Ditadura Militar, e também nos últimos quatro anos”.
Busca de saídas
Saídas para a crise foram indicadas por Riella, como adequar os currículos das faculdades às necessidades dos públicos e do mercado, e apoiar jornais e emissoras na cobrança dos conteúdos jornalísticos acessados via plataformas. A principal estratégia apontada, porém, foi a luta para fazer o diploma de ensino superior voltar a ser exigido para o exercício da profissão, regra que foi dispensada pelo STF em 2009. “Devemos apoiar fortemente a aprovação da PEC do Diploma, que tramita no Congresso Nacional”.
O Enprojor e o FDP
O Enprojor realiza encontros trimestrais entre jornalistas, discutindo as situações que afetam o ofício, além de planejar e executar ações para viabilizar a profissão. Outras informações sobre o grupo de pesquisa-ação podem ser conferidas no link: https://www.releiturasemcomunicacao.com.br/l/chat-gpt-e-jornalismo-nos-humanos-somos-necessarios/
O Festival Doces Palavras (FDP), que acontece desde 2015, movimenta centenas de atores culturais e artísticos de Campos dos Goytacazes. Realizado neste ano, de 22 a 24 de setembro, foi organizado pela Associação de Imprensa Campista e Academia Campista de Letras, em parceria com a prefeitura. E teve ainda o apoio da 12ª subseção da OAB, Câmara de Vereadores, Uenf, IFF e Liceu de Humanidades de Campos.